EBOOKS EM PROTUGUÊS


O mercado dos livros digitais faz com que autores iniciantes possam publicar seus livros em grandes livrarias

Os fãs da praticidade dos livros digitais já podem comemorar: os ebooks estão em alta no Brasil. Nos últimos seis meses, um aumento de 50% na quantidade de obras disponíveis em português agitou o mercado editorial. Pesquisa realizada pelo portal Revolução Ebook revela que em fevereiro de 2012, existiam 11 mil ebooks disponíveis, quantia que pulou para 16 mil em agosto do mesmo ano.

"O mercado está crescendo em ritmo acelerado. Finalmente estamos acompanhando a tendência internacional", comemora o editor-chefe do portal, Eduardo Melo, fundador da Simplíssimo Livros, empresa que produz ebooks e oferece cursos de especialização no assunto. Melo atribui o crescimento às grandes editoras, que começaram a investir com mais força no livro digital. 

Contudo, ressalta que, embora crescente, o mercado brasileiro está muito atrás do internacional. 

A Amazon disponibiliza mais de 1 milhão de livros digitais em inglês, e na Alemanha, há 40 mil títulos disponíveis na sua língua.

Produção pode ser mais cara do que papel

Engana-se quem pensa que todo livro digital é tão prático de produzir quanto é de carregar na bolsa. "Na prática, o digital é mais trabalhoso e, às vezes, até mais custoso do que o papel", Melo explica. De acordo com ele, o fato de o livro não ser feito de papel não importa muito para a editora, já que ainda existem os custos da editoração. "Funcionários da empresa terão que aprender a lidar com o meio digital: a cuidar do layout, da revisão, a enviar o arquivo para a livraria ou a distribuidora. O ebook acrescenta tempo de trabalho", esclarece. O custo aumenta, principalmente, em relação a livros didáticos ou com muitas ilustrações, cujo layout é mais complexo e demorado. Melo estima que o preço de produção de um ebook ficaria próximo a R$ 300 adicionais ao custo do impresso.

Já o administrador da editora Digital Books, Antônio Carlos Antunes Júnior, defende que os livros digitais com conteúdo apenas textual são mais simples e baratos de produzir do que impressos. Segundo ele, a ausência dos custos com papel, transporte e estoque torna o processo mais barato. "Através da produção de livros digitais, autores novos podem ter seus livros vendidos em grandes livrarias, o que geralmente não ocorre com os impressos", afirma.

A diferença de valor entre ebooks e impressos também existe na questão do direito autoral. Antunes Júnior explica que os direitos autorais de livros digitais são regidos por um sistema de DRM (digital rights management), controlado pela empresa Adobe. O conteúdo é hospedado em um servidor virtual, e a Adobe controla a quantidade de livros vendidos e evita que o ebook seja disseminado na internet. O serviço custa U$ 10 mil dólares pela inscrição no sistema e U$ 1.500 por mês. "Mas quem arca com esse preço geralmente são as livrarias, não as editoras¿, observa. "Apenas quando o livro digital é vendido direto para o consumidor que a editora ou o autor precisam pagar o DRM".

No Brasil, preços se equiparam

Para o consumidor brasileiro, porém, os preços do impresso e do digital pouco diferem. O atual best-seller americano Cinquenta Tons de Cinza, por exemplo, pode ser comprado impresso por R$ 29,90 e digital por R$ 24,90. Para Eduardo Melo, o alto custo de produção e a pouca demanda são os fatores que levam o consumidor a pagar tão caro pelo ebook no Brasil. "A diferença ainda é pouca. A maioria das pessoas ainda escolhe o livro pela materialidade, por poder guardar, revender ou trocar em um sebo. O ebook tem de ser mais barato para atrair o consumidor", afirma Melo. Antunes Júnior, afirma que, na Digital Books, quem coloca o preço nos livros são os autores. "Aconselho-os a ficar na faixa dos R$ 10, um preço que acho justo para um ebook. Mas os best-sellers geralmente acabam mais caros, acredito que por política das livrarias e editoras", afirma.
De acordo com o portal Revolução Ebook, uma estimativa de 35% dos lucros da venda do livro digital ficariam com a livraria, 32% com a editora, 16% seriam impostos, 10% ficariam com o autor, 5% com a distribuidora e 2% seriam direitos autorais. Apesar dessa diluição dos lucros, Melo defende que as editoras devem investir neste mercado. "Com o livro digital, a editora alcança clientes que nunca alcançaria de outra forma, como pessoas do interior, que não podem ir até uma loja física", afirma. "Há pouco lucro agora, mas é benéfico para as empresas que haja essa expansão, para formar uma demanda maior no país".

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