29/06/2012 - 06h00

Lojas comuns podem virar franquias; veja marcas que fazem a conversão

Larissa Coldibeli
Do UOL, em São Paulo

 

Alessandra Carrero e o marido Evandro Marcos Carrero trabalharam por dez anos para consolidar sua empresa, a MR Cópias, em Jundiaí, a 58 km de São Paulo. Em busca de atualizar o negócio, eles descobriram numa feira do setor gráfico como poderiam elevar o status da empresa sem perder a clientela: convertendo-se em uma franquia.
Foi necessário fazer investimentos iniciais, principalmente em adequações físicas. Mas, um ano depois da assinatura do contrato com a Alphagrafics, e nove meses depois de trocar de nome, a empresa já comemora os resultados. “Tivemos crescimento de 25% a 30% no faturamento e ganhamos visibilidade no mercado", declara.
Algumas franquias já oferecem a possibilidade de um serviço ou comércio próprio adotar a bandeira da rede. Pequenos mercados, óticas, imobiliárias ou farmácias, por exemplo, podem procurar o apoio de uma franqueadora para profissionalizar sua operação independente. As taxas (franquia, publicidade, royalty) variam de acordo com a marca e podem comer uma fatia do faturamento.
 
 

Divulgação
Evandro e Alessandra Carrero transformaram seu negócio de dez anos em uma franquia
Segundo a empreendedora, as oportunidades também se ampliaram após a conversão. "Grandes empresas instaladas no polo industrial de Jundiaí já nos enxergam como potencial fornecedor, pois sabem que podem encontrar uma unidade Alphagraphics em outros lugares do mundo”, declara.
Outros benefícios vieram com a franquia, como certificações e aumento da produtividade. “Tivemos que mudar processos para ficarmos alinhados ao modelo da franqueadora e também para conseguirmos as certificações exigidas. Isso nos deu processos mais estruturados e está nos ajudando a usar melhor a nossa capacidade produtiva”, diz.
Com a mudança, a gráfica passou a contar com suporte e treinamentos constantes para os funcionários, descontos de fornecedores que vendem em grande volume para a rede e incremento tecnológico.
“Inicialmente, fiquei com medo de trocar o nome do estabelecimento porque estou numa cidade do interior e a primeira reação das pessoas é pensar que o negócio faliu ou mudou de dono. Mas a transição foi feita devagar e cuidadosamente, então, nossos clientes entenderam e gostaram da mudança”, diz a empresária.

Mudança é arriscada, mas pode ajudar a levantar negócio

Maria Teresa Somma, consultora na área de expansão de negócios e autora do livro “Franquia ao alcance de todos” (Editora Opus), diz que não apenas o empresário, mas também os funcionários e os antigos clientes precisam se adaptar.
“Converter-se em franquia é como fechar as portas e abrir um novo negócio. Há novos investimentos, os produtos e os fornecedores podem mudar, portanto, é fundamental informar funcionários e clientes sobre as novidades por meio de ações de marketing", declara.
A consultora diz ainda que a mudança para franquia também pode ajudar negócios que estão em baixa. “Uma marca conhecida chama mais atenção. Fazendo um trabalho de marketing correto é possível manter os clientes antigos e conquistar novos”, afirma.

Franqueadoras têm critérios diferentes para seleção dos estabelecimentos

Rodrigo Abreu, sócio-presidente da Alphagraphics, diz que o critério para a seleção de estabelecimentos que podem ser transformados em franquias da rede leva em conta a solidez do empresário na praça em que atua, seu nível de abertura em relação às mudanças e modernizações do setor, seu atual parque de equipamentos e se a região em que está instalado faz parte dos planos de expansão da franqueadora.
“Não queremos pessoas que buscam solução para um negócio que vai mal, procuramos empreendedores que possam acrescentar, trazer experiências”, afirma. Por isso mesmo, é importante que a conversão aconteça de maneira gradativa, para não espantar os antigos clientes.
“O processo completo de conversão leva de nove meses a um ano. Cerca de três meses antes de mudar a bandeira, entramos em contato com todos os clientes e avisamos e explicamos a transição, convidamos para a inauguração, enfim, procuramos inclui-lo no processo”, declara Abreu.

Rede de minimercados busca candidatos em feiras

Felipe Pagotto, diretor de franquias da rede de supermercados Dia, diz que o processo de captação de franqueados funciona de várias formas. “O Dia busca candidatos por meio de ações de marketing, como participação em feiras de franquias e em eventos relacionados ao mercado varejista; anúncios e equipes de prospecção, mas o interessado também pode entrar em contato conosco diretamente”, afirma.
Segundo Pagotto, entre os requisitos exigidos pela rede Dia estão gosto por trabalhar com o público, grande capacidade administrativa e de pessoas, disponibilidade parta manter-se à frente do negócio por longos períodos.
Todas as franqueadoras fazem uma análise do perfil do candidato, para avaliar se ele se encaixa na cultura da empresa. Isso ajuda a evitar problemas de adaptação aos métodos e processos de gestão da franquia. Esses problemas têm ainda mais possibilidades de acontecer com o empreendedor que já estava acostumado a gerenciar com métodos próprios.

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